O Ministério Público Federal (MPF) pede para que a Polícia Federal (PF) investigue suspeita de fraude na Casa da Moeda após denúncias.
Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsidade (Abcf), em São Paulo, a Casa da Moeda tem fornecido a tinta da Ceptis de forma irregular para concorrentes.
A Ceptis é uma empresa do Rio de Janeiro que venceu a licitação para fornecer a tinta para imprimir as novas notas de R$200.
Conforme reportou o G1, um desses concorrentes seria Sellerink, empresa que fica localizada na Zona Sul de São Paulo.
Segurança em risco
A Associação reuniu documentos que apontam a movimentação dos materiais fora da Casa da Moeda. O transporte do material da estatal para a empresa concorrente está colocando em risco o segredo industrial das tintas, que são produtos químicos de segurança.
De acordo com o diretor da associação, Rodolpho Ramazzini, “se não fossem as tintas, não teríamos como identificar o que é dinheiro falso e o que é dinheiro original”.
Rodolpho afirma que é preciso “cobrar as autoridades para que sejam ouvidos os responsáveis, para entender quem deu essa ordem, quem autorizou e que essas pessoas sejam punidas tanto na esfera administrativa quanto criminal”.
O diretor continua dizendo que este caso “precisa ser apurado imediatamente”.
A segurança contra a falsificação é complexa, poucas empresas são credenciadas para disputar a concorrência e fornecer as tintas para a Casa da Moeda brasileira.
Em uma carta enviada para a Casa da Moeda, a Ceptis disse que no ano passado recebeu denúncia de que “amostras de suas tintas estariam sendo fornecidas, pela Casa da Moeda, a uma nova fornecedora de tintas”.
Segundo a nota fiscal, duas caixas foram retiradas da Casa da Moeda, no dia 26 de agosto, por uma transportadora com sede no Aeroporto Internacional de Brasília, que fez a entrega à Sellerink Indústria e Comércio de Tintas e Vernizes.
A Sellerink também está credenciada para fornecer tintas para impressão de dinheiro. Contudo, a Ceptis diz que “o compartilhamento de suas tintas com outra empresa configuraria grave violação à sua propriedade intelectual bem como à segurança nacional”.
Foram enviadas 16 amostras de tintas usadas na impressão das novas notas de R$200 para a Sellerink.
Entretanto, a Casa da Moeda diz que não houve nenhuma regularidade, e que essa prática já ocorreu antes para aumentar o número de possíveis fornecedores.
O sindicato que representa os funcionários da Casa da Moeda afirma que retirar insumos de dentro da instituição não é comum.